O Papa Negro - Ernesto Mezzabotta
Muito se fala, muito se discute, muito se especula sobre... Maçonaria.
A
sociedade secreta mais famosa, mais popular e mais intrigante de todos
os tempos está novamente despertando a curiosidade mundial, ainda mais
após um Cavaleiro da Ordem de Malta ter sido nomeado presidente do Banco
do Vaticano e provocar, com suas ações, verdadeiras revoluções nas
contas do Santo Ofício.
Como
dizem alguns amigos maçons, tudo o que se pode saber sobre a Maçonaria
está escrito e acessível para quem quiser. Fatos históricos como a
Independência dos EUA e do Brasil, a Nova Ordem Mundial, são
relacionados à Maçonaria, mas... Como ela surgiu?
Na
verdade, nem os próprios maçons sabem ao certo como tudo começou. Ela
se perdeu entre lendas, verdades pessoais, imaginação popular e sonhos
dos próprios maçons. Baseando-se nessas várias histórias, muitos autores
escreveram sobre a Maçonaria. Mozart, por exemplo, compôs "A Flauta
Mágica", uma ópera maçônica e, mais recentemente, temos Dan Brown com o
seu "Código Da Vinci" e "O Símbolo Perdido", mas nenhuma obra causou
tanto alvoroço, curiosidade e censura como "O Papa Negro", do escritor
italiano Ernesto Mezzabotta.
Esta
obra é até denominada por leigos como "livro maçônico" e recomendada
para, quem quiser começar a entender a Maçonaria, como o primeiro passo a
ser dado neste universo. Eles apenas se esqueceram que a obra é uma
ficção baseada nos fatos obscuros acontecidos nos bastidores de Roma,
presenciados pelo então jornalista Mezzabotta.
O
intuito do escritor era, através da sua visão romanceada sobre o início
da Maçonaria, criar um romance de ficção para atacar claramente a
Igreja Católica, em retaliação à censura feita pela mesma aos seus
trabalhos como jornalista. Pelo visto, deu muito certo e dá certo até
hoje, pois o livro só é encontrado (e raramente) em sebos ou lojas de
artigos maçônicos e consta no Codex, a lista de livros proibidos pela
Igreja Católica.
A
censura é tão grande que, para escrever essa resenha, eu demorei mais
de duas horas para achar alguma referência, por mínima que fosse, sobre o
escritor Ernesto Mezzabotta. Isso porque ele já morreu há mais de cem
anos... Será que esse romance é totalmente ficção ou tem algo em suas
entrelinhas que pode abalar os pilares de uma instituição tão secular,
tão forte e tão aparentemente sólida e inabalável?
Em
português, não há nada. Em inglês, pouquíssimas referências. Em
italiano, só encontrei duas referências que tratam do Mezzabotta
jornalista e nem citam, em sua lista de publicações, este livro.
Mistério total... Em uma dessas referências, descobri que Ernesto
Mezzabotta nasceu em Foligno, no ano de 1852 e que morreu em Roma, em 15
de julho de 1901. Que se casou, teve dois filhos e que era um
jornalista excelente, turrão, persistente e com opiniões afiadas.
Talvez, por isso, se tornou "persona non grata"...
O
livro é ambientado na Europa do século XVI, quando o mundo era dominado
pela divisão do poder entre o Estado e a Igreja Católica: enquanto a
Igreja detinha o poder atemporal, o Estado ficava com o mando sobre
pessoas e coisas na Terra.
Aparecem as lendárias e reais figuras dos
gnósticos ou cavaleiros templários, considerados os futuros maçons, que
foram adicionando em suas oficinas, ao longo dos anos anteriores,
homens como marceneiros, alfaiates, construtores, carpinteiros e
pedreiros. O Papa reinante era Clemente III e o Rei era Felipe o Belo,
da França.
Os
templários foram os inventores do cheque, da nota promissória e dos
documentos destinados a proteger o patrimônio daqueles que se arriscavam
a viajar pela Europa. Os assaltos eram constantes e as estradas,
recheadas de saqueadores, isso sem contar que a viagem para a retomada
da Terra Santa era muito longa. Sendo assim, os templários detinham o
poder do dinheiro e tinham a força da irmandade a seu favor, além de
serem os guardiões de todo o conhecimento gnóstico da época, difundido
somente entre os seus iniciados. Os que mais se destacavam eram Jean
Jacques Demolay e Inácio de Loyola que, tomado pela ganância, trai os
seus irmãos templários e alia-se ao Papa e ao Rei, pessoas extremamente
interessadas em se apossar do tesouro escondido pelos templários.
Após
a traição de Loyola, Jacques Demolay acolhe filhos e sobrinhos dos
templários, oferecendo resistência à Loyola e ensinando aos acolhidos, o
conhecimento hermético necessário para a preservação da ordem. Enquanto
isso, Inácio de Loyola exige da Igreja, por sua ajuda, a criação e o
comando de uma ordem: a Ordem dos Jesuítas, que trocavam informações de
peso por indulgências, conseguindo, assim, criar uma grandiosa rede de
informantes e angariando, cada vez mais, poder e riqueza para esta
ordem. A Ordem dos Jesuítas criou a confissão (prática usada até nos
dias de hoje), sabia e mandava tanto, que até o próprio Papa começou a
receber ordens de Loyola, o Geral da Ordem, mais conhecido como o Papa
Negro.
Intrigas,
mentiras, assassinatos, uso de veneno, chantagens e até o envolvimento
com uma família rica e reconhecidamente ligada à morte por
envenenamento, os Bórgias, você encontrará neste livro, que foi muito
bem escrito e é daqueles que você não quer parar de ler. O autor
costurou tão bem a trama deste romance que a gente não consegue deixar
de ler.
No
meu caso, eu tive o privilégio de poder lê-lo e digo com propriedade: é
imperdível! Tirando todo o peso das lendas e das censuras aplicadas ao
"O Papa Negro", o livro é realmente empolgante e muito bom! Eu
recomendo!
São fatos reais:
-
Jean Jacques Demolay foi o último grão-mestre da Ordem dos Templários e
condenado à morte pelo Papa Clemente V. Era padrinho do filho do rei
Felipe o Belo. É dele a famosa praga da "sexta-feira 13": ele foi morto
em uma sexta-feira, dia 13 de outubro e, enquanto o seu corpo queimava,
ele praguejou para o Papa e para o Rei, que morreram em um prazo de um
ano após, em circunstâncias muito curiosas...
-
o poder do Papa Negro imperava por toda a Europa Medieval; ele impôs,
inclusive, esse poder até no Novo Mundo, a América, infundindo terror e
dando início à prelazia papal que seria conhecida, anos mais tarde, como
Opus Dei...
No
mais, só sei que nada sei, mas sei de apenas duas coisas: o livro
instiga a nossa curiosidade e há mais verdades entre o céu e a Terra do
que supõe a nossa vã filosofia!
Abraços,
Lara
Fonte: http://amigossaoparaessascoisas.blogspot.com.br/
Acesso: http://amigossaoparaessascoisas.blogspot.com.br/2013/08/do-museu-balada-livro-o-papa-negro.html